11 de janeiro de 2014

Sonhei




Sonhei, um velho amigo me via
quase um fantasma, transparente.
Daquele tempo que me comovia,
quero distante, rente.

Pedia em súplica, uma promessa:
que não houvesse permissão
para em nada mudar e, não nos acovardasse
nestes ataúdes abandonados, separados.

Prometia ficar. Eu dizia algo aqui:
a sonhar não quero ficar,
pesadelos podem sucumbir. Daqui
incerta já não sabia, ou sei, explicar.

Passado imperfeito não mudaria,
me diziam, mesmo se o tempo mudasse,
em minhas inconstâncias, choveria.
Distante o sonho dói, perto apenas me destruíria.

Poderia eu acordar, por um instante. Agora,
resta uma metáfora distorcida daquele amor
incerto do que se fora outrora,
fantasma insistente de um outro novo amor.

Sonhei, uma brisa mudou minha direção,
bagunçou minha tristeza (e certezas)
acordei já sem coração, inquietação…
ele se foi, mudou-se com a brisa.


Andrea Chernioglo
jan 2014